Shenmue, a obra prima do Dreamcast

Shenmue, a obra prima do Dreamcast

Shenmue é uma franquia de jogos lançada originalmente para Dreamcast, estreando no Japão em dezembro de 1999, e quase um ano depois nos Estados Unidos e Europa. A sequência, Shenmue 2, veio 2 anos depois em setembro de 2001, após a Sega anunciar, em abril desse mesmo ano, que descontinuaria o Dreamcast. No ano seguinte o Xbox, que marcava a estreia da Microsot como fabricante de consoles, recebeu Shenmue 2 como exclusivo nos Estados Unidos, porém não recebeu o primeiro jogo, continuando
exclusivo para Dreamcast na América do Norte. Shenmue surgiu com diversas novidades em jogabilidade e gráficos também. Em 99, o Dreamcast era o console mais avançado até então, o Playstation 2 só chegaria no ano seguinte.

20 anos e muitos jogos depois, Shenmue continua sendo uma serie muito interessante e marcante. Uma tão aguardada sequencia está perto de ser lançada, em novembro. Estou repetindo a experiência de jogar os dois jogos, agora no Xbox One, que tem ambos disponíveis na assinatura Game Pass, justamente para me preparar para o lançamento do terceiro jogo. Confesso que o primeiro game é um pouco chato e cansativo, já o segundo é mais refinado. Na minha opinião, o jogo resistiu bem ao tempo. Joguei ambos no início dos anos 2000. Anos depois, quando comecei a colecionar, a versão de Shenmue 2 para Xbox foi um dos primeiros jogos originais que comprei, e o joguei no Xbox 360, feliz por ver e ouvir o jogo em Inglês. Agora estou mais uma vez impressionado pela quantidade de detalhes, presentes nas ruas reproduzidas no game, as construções, as pessoas cada uma com ações próprias, os sons, a música envolvente e ainda estou descobrindo coisas que não descobri quando joguei anteriormente.

Imagem de gameplay

Os cenários são reproduções de locais reais, com características fiéis. O primeiro jogo se passa em Yokosuka, uma cidade japonesa, e grande parte do cenário pode ser visitado na via real, como a Dobuita Street. Shenmue 2 se passa em Hong Kong e Guilin, na China. Um grande destaque é para Kowloon, que é uma reprodução de Kowloon Walled City, um enclave inserido em Hong Kong, cheia de história. Guilin é uma cidade do interior da China, cercada por montanhas e rios que formam uma belíssima paisagem. No Dreamcast, o quarto disco do segundo jogo se passa nesse cenário. Ryo caminha pelas montanhas e conhece um personagem importante da história. Esse era para ser um capítulo a parte, mas o Yu Suzuki resumiu a história para caber no segundo jogo, talvez por falta de orçamento. Ouvi dizer que a viagem de navio do Japão até a China ia ser mostrada com acontecimentos dentro do navio, porém isso foi cortado. Logo no início do segundo jogo, Ryo conversa com uma mulher e sua filha, que lhe passa algumas informações sobre o local em que desembarcaram e agradece pela ajuda que Ryo deu a sua filha durante a viagem.

Imagem da internet

Shenmue é um jogo fantástico, de grande importância para a indústria, pois trouxe elementos inovadores que foram adotados por jogos que vieram depois dele. Esse jogo também possui uma grande história relacionada a sua produção, que se iniciou no Sega Saturn, sendo portado para o Dreamcast, pois a Sega abandonou o Saturn precocemente. Comenta-se que Shenmue foi um dos jogos mais caros já feitos, e contribuiu para a saída da Sega do mercado de consoles, mas não há quem confirme isso. Yakuza, uma série de jogos produzida pela Sega, é considerado por muitos uma sequência espiritual de Shenmue, mas a verdade é que são jogos diferentes, se assemelhando apenas por serem da mesma fabricante e serem de mundo aberto.

Um MMORPG de Shenmue foi anunciado em 2004. Shenmue Online seria um jogo multiplayer, onde os jogadores formariam clãs, e se ajudariam ou se enfrentariam. Os cenários seriam os de Shenmue 2. O jogo foi cancelado em 2007, e nunca viu a luz do dia. Desde então, uma sequencia de Shenmue permaneceu sendo uma incógnita, até que em 2015 Yu Suzuki lança a campanha para o crowdfunding Shenmue III, trazendo a luz a tão aguardada sequência.

Imagem da internet

É certo que o terceiro capítulo pode não atingir um grande publico e o jogo pode não fazer sucesso. O ritmo do jogo é lento e muito exploratório, como eu disse, as vezes até cansativo, mas ainda assim é envolvente e marcante. Nada parecido havia surgido até o seu lançamento. Além da super história de vingança, o jogo trazia NPC’s com histórias e rotinas próprias, quilômetros de diálogos falados, simulação de tempo e clima, além da interatividade com os objetos do cenário. Você podia interagir com quase tudo, e alguns até tinham funções, como lanternas que acendiam e precisavam trocar as pilhas gastas, toca fitas que tocavam as fitas que podiam ser compradas no mercado e até o telefone podia ser usado para ligar para telefones anotados no caderno. Ryo abria gavetas, armários, portas e baús. Você podia jogar jogos nos arcades, jogos reais e completos da Sega, como Space Harrier, e também podia colecionar alguns itens adquiridos em máquinas espalhadas pelo cenário. O modo Quick Time Event Batlle, termo cunhado na serie, é uma inovação muito utilizado em jogos posteriores. God of War é um exemplo.

Shenmue não é um jogo para qualquer um, tem muito mais a oferecer e é uma jóia no meio de tantos jogos que vieram depois. Vale a pena jogá-lo ainda hoje, seja pela primeira vez ou para redescobrí-lo. Ele faz parte da história do Dreamcast, da história da Sega e tem sua grande importância e contribuição para a história e indústria dos jogos.

fontes e links interessantes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_murada_de_Kowloon

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilin

https://www.express.co.uk/entertainment/gaming/996804/Shenmue-vs-real-life-Dobuita-Street-1-2-HD-Remaster-release-date

https://en.wikipedia.org/wiki/Shenmue_III

https://pt.wikipedia.org/wiki/Shenmue

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